15 de novembro de 2010

   Hoje conversando com minha avó paterna resolvi perguntar-lhe sobre algo que sempre tive curiosidade, mas não tinha coragem por uma certa vergonha, confesso.
   Minha avó casou-se com meu avô que foi seu primeiro namorado, primeiro beijo na boca, primeiro tudo dela. Primeiro grande amor. Com ele teve meu pai e minha tia. Infelizmente não cheguei a conhecê-lo.    Faleceu antes d'eu nascer, antes mesmo da minha irmã nascer. Põe pra mais de 30 anos nisso!
   A curiosidade bateu novamente hoje em perguntar-lhe se teve algum namoradinho ou paquera de lá pra cá, pois desde que me conheço como gente nunca a vi com homem nenhum, nem falando de namorado, nem nada.
   É, hoje descobri que minha avó foi, e é, fiel ao meu avô até hoje. Como ela mesmo disse: "Sou fiel até ao cadáver dele, até o fim dos meus dias".

   Não, pára tudo!! É muito amor, carinho e respeito, não é? E algumas pessoas não conseguem entender minha forma de ser, de agir com o próximo. Não entendem meu lado romântico e dedicado ao amor que tenho ao meu lado. Não entendem porque que eu sofro tanto quando um relacionamento acaba ou não acontece como eu esperava que fosse acontecer, pois sempre vi meus relacionamentos como eternos em mim. A vida modernizou-se, mas eu não sigo muito o ritmo, ainda levo grandes amores no peito e entristeço ao ver que tantos planos e ideais não deram continuidade. Eu tento sempre ser uma mulher "completa". Gente, isso vem da raíz, sim. Cresci nesse meio de pessoas que valorizam o amor, e que o amor é eterno dentro nós. Sou cria antiga, tradicionalista, da década 20... 30...
   Da época em que os homens levavam flores pras suas amadas, escreviam cartas e mais cartas de amor, saía pra tomar sorvete e comer pipoca na pracinha, participava dos almoços de domingos em família, namorava no sofá de casa, sentava no portão de casa pra conversar. Pessoas mais educadas que davam bom dia, boa tarde e boa noite. Geração em que os homens abriam a porta do carro pra mulher entrar e sair. Cinema, parque e restaurantes (entre outras coisas) quem pagava sempre era o homem, e eles sempre tinham dinheiro para isso. Quem sustentava o lar eram os homens. Mulher até trabalhava, poucas, mas trabalhavam, mas quem bancava as contas da casa eram os homens. E estes não deixavam faltar nada, e tinham uma penca de filhos e ninguém passava fome ou necessidade.
   Perguntei à ela se nunca sentiu interesse em ninguém, ao menos pequena atração... e ela disse convícta:    Nunca! Nunca tive coragem de dar a minha vida e a vida dos meus filhos para um homem desconhecido cuidar, não sei se algum deles poderiam fazer mal aos meus filhos, bater, distratar. Não, preferi não conhecer ninguém, tem muita gente que faz maldade por aí. Seu avô sempre foi um pai muito bom, um homem exemplar, nunca tive do que reclamar. Sou fiel até o difunto dele!
     Sinceramente eu não ligo de ser chamada de velha, antiquada, ulrapassada. Na verdade tenho até um certo orgulho e prazer nisso, pois vejo que realmente sou uma pessoa de princípios, de valores incalculáveis. Sinto-me até  como uma raridade perdida neste mundo tão moderninho de pessoas que só valorizam diversão, ilusão e interesses materiais (status). O amor, aquele puro e verdadeiro, não é mais tão fácil assim de encontrar...

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