26 de abril de 2010

A Dura Realidade Infantil - Por Aline da Costa de Oliveira

Estes dias, mexendo nos meus livros, encontrei dentro de um texto escrito pela minha comadre Aline. 
Quando abri o livro li sua dedicatória na contra capa datada em 26.04.2002. Não podia deixar de publicá-lo, não é? Pois além de tê-lo guardado com carinho por 8 anos (Nossa!), o texto é lindo, sincero e realista.
Vou transcrevê-lo e torná-lo público, pois existem muitos escritores no anonimato. E eu não uso meu blog apenas pra dizer de mim, das minhas idéias. Uso-o, também, para divulgar pensamentos de outras pessoas. E mostrar que existem muitos talentos por aí.
Beijo grande em todos. Fiquem na Paz de Deus e transmitam essa paz ao seus semelhantes sempre!
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(Uma das redações escolhidas como as melhores enviadas no ano de 2000 para a editora foi esse da minha cunhada. Publicado no livro Anuário de Escritores 2000. Editora Litteris. Casa do Novo Autor Editora. Autora do texto abaixo: Aline da Costa de Oliveira.)



A Dura Realidade Infantil

     Há muito tempo venho me preocupando com as crianças carentes. Tudo começou em 1998 quando, ao fazer um trabalho sobre jovens empobrecidos para o colégio, resolvi visitar um orfanato.
     Pude ver no rosto das crianças que ali estavam, a alegria de se comunicarem com outras pessoas, além das que já viviam no local; e um pouco de tristeza nas crianças internas que viam seus amiguinhos irem embora com seus pais enquanto elas ficavam. Isto partia o coração da gente.
     Meigas, cheias de esperança e carinhosas, elas foram assim desde que as conheci. Nunca brigavam por nada, estavam sempre unidas, ensinaram-me muitas coisas. Uma das mais impotantes, que jamais me esquecerei, foi perceber que apesar da tristeza e dos problemas, devemos levar tudo pelo lado bom e procurar viver bem consigo mesmo.
     O que eu quero eu tenho e só de pensar que elas possuíam apenas o que era possível lhe dar, resolvi, junto com meus amigos, doar roupas, alimentos e coisas que não nos serviam mais. Foi tão satisfatório para nós quanto para elas.
     Era assim que me divertia, ia até lá e fazia da tarde daquelas crianças um momento de diversão. Claro que não pude ir todos os dias, mas me esforçava o máximo para poder ficar ao lado de quem tanto precisava de alguém para fazer esquecer de sua triste história, por alguns instantes.
     Algumas crianças estavam lá porque foram abandonadas por seus pais, outras perderam-nos diante de tanta violência que nos cerca. Só eu sabia como isso me magoava. Mesmo assim, tentava não me chatear com estas histórias tão tristes.
     Nunca sairá da minha memória aquela tarde de quarta-feira. Eu atuava com elas, como uma das recreadoras daquele dia. Mandei que desenhassem o que quisessem. Quando recolhi os papéis, pude observar que cada um retratava em seus desenhos um pouco da realidade.
     As cores que pintavam eram as mesmas; escuras, usavam sempre o preto, o marrom e o vermelho. Até hoje, não sei ao certo o que aqueles rabiscos queriam dizer para elas mas acho que falava um pouco do passado de cada uma.
     Resolvi conversar com elas, dizendo que existiam outras cores. Da mesma forma, a vida, em um momento, pode ser escura e sombria, mas em outros, é colorida, cheia de alegria e de divertimentos.
     A partir deste dia, algumas passaram a fazer desenhos com outras cores e, bem devagar, perceberam que eu tinha razão. Realmente, a vida só mudaria de cor, se quisessem. Com certeza, elas aprenderam a ver o futuro com outros olhos, ou seja, com mais esperança.
     Cuidar de criança é um trabalho muito bom. Aprende-se muito com elas, mesmo sendo mais experiente. Puras, elas falam o que sentem. É isto que faz a sua individualidade.
     Infelizmente, quando os carros param em sinais de trânsito, aparecem de pronto meninos e meninas para vender todo tipo de produto, sabem por quê? Porque precisam ter o que comer. É muito triste, saber que há pessoas que podem ajudá-las e não querem. São os mais humildes que ajudam, pois sabem como é duro passar fome. Tantas pessoas passando fome... E não é só aqui no Brasil; a miséria já atinge o mundo todo.

Criança:
palavra que significa esperança,
e que quer receber de nós, muito carinho e esperança
Precisam lutar por seus direitos e deveres, fazer cobranças.
E, às vezes, tendo dificuldades para sobreviver, roubam e entram na dança.

Mundo feito de concreto,
que faz da mesa da família, um deserto,
a escola e a criança, não tão perto,
sem garantir um futuro certo.

Elas não são sinônimos de exploração,
quando falam, falam com o coração,
e não conseguem viver sem diversão.
Mas nunca se separam da razão.

Algumas ficam nas ruas, cercadas de tratos,
outras de amor,
Algumas sentem pavor,
outras tem a felicidade, como seu predileto sabor.

A vida foi dada, e querem viver,
precisam de saúde, pois irão crescer,
a violência traz o medo, de um dia morrer.
Lutam para ganhar seus direito e não mais perder.


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Hoje, Aline tornou-se uma mulher bem sucedida na vida, moral e socialmente. Continua com seus trabalhos de arrecadação e doação de alimentos e roupas para os mais necessitados. Tornou-se uma mulher vitoriosa.

2 comentários:

Unknown disse...

Olá comadre,td bem? Somente hoje pude entrar em seu blog para ver a postagem do meu texto. Caramba, amei! Show de bola! Muito obrigada pela homenagem e pelas palavras de carinho. Te adoro muito viu? Beijo grande em ti e um bem especial para meu afilhado! Valeu, fuuuui...

Amanda Almeida. disse...

Tem coisas que valem a pena divulgar. E suas idéias são uma delas! Beijoca grande em ti tbm!!